terça-feira, 23 de junho de 2009

Extinção programada ou mais uma pedra no caminho?

Por Fernando Maximiano¹

O leitor do século XXI apareceu com uma necessidade de estar atualizado que modificou a sua relação com a informação. O que antes demandava um tempo considerável, hoje é feito em apenas alguns cliques. A diferença de velocidade em que a informação é transmitida – difundida – pela web, firmou um novo crivo a ser seguido por todos os meios de informações existentes. O indivíduo não vai esperar para estar bem informado, o indivíduo pós-moderno tem pressa. E é exatamente esta pressa que está fazendo com que muitos jornais – principalmente os estadunidenses – não se adaptem a esta nova maneira de lidar com a informação e venha fechar suas portas.
Pensando neste novo leitor e na forma em que é concebida a disposição social (quem tiver a informação terá vantagem em todos os nichos da política e da economia) é que os jornais impressos se viram na necessidade de mudar sua abordagem para não serem extintos. A plataforma utilizada pelos jornais impressos possui limitações que na web é ignorada. Não há limites de espaço e o que conta é a quantidade de notícia apurada. Tem-se início, assim, a uma corrida onde a qualidade exigida é proporcionalmente inversa às condições de trabalho do jornalista que está no meio impresso.

“O redesenho das páginas impressas segue uma tendência de adaptação a uma leitura rápida ou lenta, linear ou multilinear, com o desmembramento de uma mesma reportagem em boxes e infográficos, como se fossem links mentais, numa metáfora do próprio funcionalismo cerebral.” (REIS 2007, p. 10)


Para o jornalismo impresso esta não é a primeira vez que sua adaptação será necessária para que possa sobreviver. Sempre quando um novo meio de comunicação surge, os demais são forçados a mudar para não serem engolidos pela novidade. Só que o problema do jornal impresso não é somente o surgimento de um novo meio de comunicação (web), mas de uma questão legítima e salutar em nossa contemporaneidade: sustentabilidade. Obviamente que na atual conjuntura mundial, a derrubada de árvores para fabricação do papel, que será usado na impressão do jornal e de livros, não é uma alternativa bem vista pela sociedade. Pensando nisso, em alguns países como os EUA, Japão e na Europa, os jornais impressos estão dando lugar ao jornal feito de telas de alto contraste, mas sem emissão de luz. Em alguns modelos, o aparelho é maleável o suficiente para ser enrolado e posto por debaixo dos braços. Esta é uma grande alternativa para quem não quer comprar o jornal impresso e também não quer perder sua praticidade – maleabilidade – e, também, para quem não tem paciência de acompanhar através da tela de um computador suas notícias.
Sendo esta nova tecnologia cara demais, os jornais ainda têm uma sobrevida considerável para se manter presente no mercado. O tempo para que se possa pensar e tomar decisões sobre o seu futuro é justamente este no qual está inserido. Pois conta com todas as possibilidades de um novo século de descobertas tecnológicas, porém, de maneira sustentável. Mesmo não pegando carona no senso popular, que já decretou o fim do jornal impresso para a próxima geração, é fato notório que o jornal impresso está perdendo espaço em meio às cobranças exaustivas que o estar informado acomete ao indivíduo. Segundo a revista Economist², que destacou em sua capa a pergunta “Quem matou o jornal?”, o fim do jornal impresso já está estipulado para acontecer no primeiro trimestre de 2043.

“De todos os meios 'antigos', os jornais são os que têm mais a perder para a internet. A circulação tem caído nos Estados Unidos, na Europa ocidental, na América Latina, na Austrália e na Nova Zelândia (nos outros lugares, as vendas sobem). Mas, nos últimos anos, a web acentuou o declínio. Em seu livro The Vanishing Newspaper, Philip Meyer calcula que o primeiro trimestre de 2043 será o momento em que o jornal impresso morrerá nos Estados Unidos, quando o último leitor cansado colocar de lado a última edição amarrotada.”


Para além dos fatores futuros e/ou contemporâneos, o fato é que o jornal impresso ainda será dono de uma fatia considerável deste bolo informativo. Pois, a grande vantagem da web – noticiar com rapidez – será ainda a munição na qual os jornais impressos irão se aproveitar. Com a rapidez em se noticiar, perde-se por não aprofundar no assunto e na forma genérica com a qual a matéria é abordada. Com o jornal impresso pode-se trabalhar com o local, mas com certa propriedade, atingindo, assim, uma das metas da notícia que é a proximidade ao fato ocorrido. Não que os blogs não façam isso, mas a notícia dada por um jornalista ainda tem maior peso do que aquela notícia dada por um blogueiro³. A outra peculiaridade é que no jornal impresso uma matéria pode ocupar o espaço de várias páginas de acordo com sua importância. É neste espaço dispensado que o jornal impresso ainda leva vantagem em relação aos demais meios de comunicação. Lidar com o local e com o aprofundamento das notícias é o que irá fazer com que o jornal impresso se mantenha em voga por um bom tempo ainda. Quanto tempo? Ninguém sabe! Mas que a história já mostrou que este meio de comunicação sempre estará apto a sobreviver, não importa o quão avançado é a tecnologia informativa. Os seus leitores estão aí para comprovar.




BIBLIOGFRAFIA:

REIS, Bianca Rocha do Nascimento. O jornal de papel na era dos veículos on-line: recursos e conceitos da internet nas páginas impressas. Orientador: Gabriel Collares Barbosa. Co-orientadora: Lucia Maria M. de Santa Cruz. Rio de Janeiro: UFRJ/ECO. Monografia em Jornalismo.


¹Bacharelando em Jornalismo – Centro Universitário Newton Paiva. Belo Horizonte, MG.

²Revista britânica Economist pergunta, na capa de sua edição de 24/8/06, "quem matou o jornal?" e contou com as informações contidas no livro de Philip Meyer.

³Blogueiro: quem noticia por intermédio de um Blog. Significação livre aferida por Fernando Henrique Liduário Maxmiano.